Em primeiro lugar, quero agradecer ao autor Vasco Ricardo o facto de me ter, gentilmente, cedido o seu livro, que há muito desejava ler. Já tinha lido algumas críticas à obra, maioritariamente positivas, e ia com boas expectativas para esta leitura, mas a verdade é que não me cativou. Achei a escrita fluída, mas toda a história é, na minha opinião, demasiado fria.
Não consegui simpatizar com o Gabriel, nem sequer sentir pena dele, por tudo aquilo que passou ao longo da sua infância. É um homem de poder e de sucesso, igualmente feliz no amor, e embora compreenda que a obra não é especialmente um romance, gostava de ter visto mais emoções da parte deste diplomata, não só em relação à família (que vejo quase esquecida ao longo da história), mas em relação a si mesmo e às acções que tornam este homem aquilo que é.
Confesso que achei a leitura um pouco penosa, de início, com tanta politiquice e pouca emoção à mistura. As partes que verdadeiramente me prenderam à leitura foram a do passado deste homem (eram sempre as passagens que mais desejava ler). Acho que o passado está bem explícito, mas senti falta que o autor explicasse, no presente, um pouco melhor a razão pela qual Gabriel chega a Secretário de Estado, e a forma como isso acontece. É, sem dúvida, um homem movido pela vingança, mas é uma vingança que não me fez palpitar o coração. Tudo lhe corre bem, sem incidentes, mesmo nos piores crimes que comete, e só no momento em que ele confunde o general com um sósia e teme pela família é que eu dei por mim a desejar saber mais e mais. Porém, foi um sentimento de pouca dura, porque tudo volta a correr bem, e embora eu compreenda os motivos de vingança deste homem, foi-me difícil compreender como é que nunca chega a ser punido por isso (e todos estão a seu favor) quando ele está a fazer o mesmo que fizeram à família dele.
Acho que é uma história fria, com personagens frios. Sei que é uma história de vingança, mas não consegui sentir isso como algo verdadeiramente real, que me fizesse odiar ou amar Gabriel. A forma como a obra termina é previsível, sem o ser, devido àquela estranha atitude que Gabriel acaba por tomar. No lugar dele, eu não sentiria paz de espírito, mas ele acabou por sentir, sem ter feito nada do que desejava, e acabando por adiar, uma vez mais, a vingança.
Resumindo, gostei da escrita do autor e acho que «O Diplomata» é um livro bem estruturado, mas a história é um pouco aborrecida e previsível. Fico, no entanto, à espera de novas obras do autor. Vou de certeza voltar a apostar.
Sinopse:
Gabriel é um político norte-americano de topo que possui uma família perfeita e uma reputação imaculada. Contudo, por detrás da sua figura exemplar, um outro homem emerge. Violento, frio e calculista, Gabriel parte em busca de algo e não parará enquanto não for bem-sucedido.
"...E quando já ninguém chorava, dei por mim a verter lágrimas que cheiravam e sabiam a sangue..."
"...E quando já ninguém chorava, dei por mim a verter lágrimas que cheiravam e sabiam a sangue..."