quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Opinião - A Praia das Pétalas de Rosa» - Dorothy Koomson

Há livros cujas primeiras frases nunca esqueço, e esses são sempre os meus preferidos. «É aqui que a minha vida começa» é apenas o início de um grande romance, da autoria de Dorothy Koomson, a minha estreia com a autora e, devo dizer, que estreia! Adorei «A Praia das Pétalas de Rosa» e todas as reviravoltas inesperadas que a autora soube trabalhar, e adorei a forma como a obra foi escrita, alternando entre passado e presente, sempre muitíssimo bem explícito, com uma escrita simples, fluída e intensa. Adorei o facto de ninguém ser o que parecia, ao início, o que me deu espaço para imaginar, e adorei surpreender-me até à última linha.
 
 


É uma história sobre amizade, amor e confiança, e confesso que me senti triste em muitas das páginas, pelas amizades e pelos amores perdidos, e pela desconfiança que a personagem principal, Tami, foi obrigada a adquirir para desvendar a verdade. Esta história fez-me pensar em quão cegos somos, por vezes, quando damos as coisas por garantidas, e entristeceu-me ver até que ponto pode chegar um amor e uma história de vida, moldada pela passagem dos anos e pela mudança das personalidades e dos estilos de vida de cada um. É também uma questão de escolhas, mas não deixou de entristecer-me aquilo em que Tami e Scott se tornaram. A Tami foi sempre, para mim, uma mulher forte e independente, com uma noção muito vincada sobre aquilo que queria da vida, mas o amor de Scott acabou por lhe transformar as escolhas, incluindo uma carreira de sucesso, e Tami passou a ser não mais do que uma mãe e uma dona de casa, dedicada às filhas, ao marido e à família, no fundo. Fez-me crer que era feliz com esta escolha, mas penso que se perdeu algures pelo caminho, por falta de outra opção. O Scott não foi, para mim, um homem que me tenha deslumbrado, mas enterneceu-me a relação entre ambos, aquela amizade turbulenta, o namoro descriminado e a luta por uma união e um casamento feliz, contra tudo e contra todos. Por vezes, nem o amor basta, e a verdade é que, por muito que custe admitir, por vezes as coisas mudam, com o passar dos anos. Senti pelo Scott raiva e tristeza ao mesmo tempo, e o mesmo posso dizer da Beatrix, e até eu me senti mal por ter desconfiado, em certa altura, da Mirabelle, uma personagem fiel e a musa da Praia das Pétalas de Rosa, até ao fim.
«A Praia das Pétalas de Rosa» é uma história e uma lição de vida, que nos ensina a nunca nos esquecermos de nós próprios, nem por um marido ou por um filho. Uma obra que ainda tem a mestria de nos levar à lenda desta praia, romântica e imperdível. Uma história realista, com um final realista, que me fez desejar ler outros romances da autora. Uma excelente estreia, sem dúvida.

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Fotografia

As fotografias são da autoria de Rui Canelas.
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