quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

Opinião «A rapariga que roubava livros»

Tinha tudo para lhe dar cinco estrelas, mas o final ficou aquém das minhas expectativas. Tantas questões por responder, tanta chacina...eu sei, é a guerra, mas acima de tudo, «A rapariga que roubava livros» é um livro e Liesel merecia mais. Rudy merecia mais. E até Max. Não havia necessidade de acabar com tudo daquela forma, tão triste, tão desumano. Para onde foi Max? O que lhe aconteceu? Quem era o marido e os três filhos de Liesel? O narrador dá-nos tantos pormenores desta rapariga que roubava livros ao longo da história e depois deixa-nos sem nada, quando queríamos tudo. Já nos apaixonámos por ela, já nos apaixonámos por Rudy, e depois? Nem um beijo, saumesh?






Markus Zusak, destruíste todos os meus sonhos a meio do livro e depois pegaste neles e cortaste-lhes cada pedacinho do corpo já morto. Como se isso não bastasse, lançaste o que restava dos sonhos à fogueira dos capachos de Hitler e dessa vez não havia nenhuma rapariga de dez anos pronta a resgatá-los.
É um livro sublime, contado de uma forma original, poética, dramática e humorística ao mesmo tempo. Adorei Liesel e a sua relação com as palavras e os livros, adorei Max e «O homem debruçado». E o que dizer de «A sacudidora de palavras»? Perfeito, uma das cenas mais bonitas do livro e que me fez chorar. Fez-me chorar também a parada dos judeus em que Hans Hubermann dá pão a um judeu, a cena em que Rudy e Liesel espalham pão ao longo do caminho e uma outra, quando a rapariga encontra Max e lhe recorda a sua história. Amizade. É disso que se trata, não é? Uma árvore de amizade que ninguém pode destruir, nem um partido, nem uma religião, nem a guerra e a sede de poder. Uma das partes mais emocionantes da história, mas...E Hans Hubermann? Não, Markus, não podias ter-lhe feito o que fizeste. É imperdoável. Adorei este homem de olhos de prata. Tinhas de lhe ter dado mais tempo, a ele e a Liesel. Eles precisam um do outro e do seu acordeão, nas noites de pesadelo e de leituras escondidas. Meu Deus, arruinaste as minhas noites e os meus dias calmos. Jamais voltarão a ser calmos. E em noites de pesadelo, sei que verei de novo Liesel e Rudy juntos na alfaiataria do pai dele, mas desta vez, eles beijam-se no chão, quando ele tropeça e cai aos pés dela. E quando Liesel lhe mostrar o livro escrito por Max, Rudy perguntar-lhe-á, da mesma forma: "Falaste-lhe de mim?" E ela dirá, da mesma forma: "É claro que lhe falei de ti". E acrescentará: "Amo-te. Amei-te sempre. Não o sabes? Beija-me, saurkel".
Parabéns, Markus Zusak. Cá estarei à espera de mais uma obra tua, para que me destruas os sonhos que ainda me restam. Sim, é tão irónico quanto a morte: beleza e dor ao mesmo tempo. Quem não a aprecia?(less)
                  

2 comentários:

  1. És uma romântica, Carina :)
    Este livro virá a seguir aos Pássaros Feridos, que comecei ontem a ler e já promete ser grande livrão!

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  2. Acredita, Célia, fiquei devastada. Mas é sem dúvida uma obra a não perder. Boas leituras! :)

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Fotografia

As fotografias são da autoria de Rui Canelas.
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